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INÊS MARTO

INÊS MARTO

Flor de esperança

Quantas canções se gastaram na tua lembrança,

No granito imune ao tempo destemida flor de esperança,

Há uma lágrima de prata a segredar o teu nome

Nesse palácio de espelhos que a madrugada consome

 

Quantas vezes apagaste o meu nome rarefeito

Entre a espada e a parede somos um sonho desfeito

Um equilíbrio fatal entre a queda arriscada

E o doce precipício que atravessa a madrugada

 

Eras a jangada audaz do grito sobrevivente

Mas a verdade desfaz a ilusão consciente

Toda farsa tem um fim, toda a lírica esmorece

Quebro o espelho carmesim onde o narciso floresce

 

Não há versos que nos salvem desta cortante evidência

Resto em rasgos das memórias onde impões a minha ausência

E se a seiva já se cansa de brotar em poesia

Não há flor que sempre alcance essa letal maresia

 

Se a despedida me mata mais do que a morte aguardada

Mais morria se guardasse a pérola envenenada

Que me sobra do teu beijo que hoje expulso em tempestade

Lâmina em cruz sobre o peito que faz jus à liberdade.

 

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A luminescência das águas

A luminescencia.png

"A luminescência das águas não afasta a saudade da transversal falésia.
Quiçá me tenha traído a avidez em pernoitar nos umbrais desse naufrágio,
Mas poderei julgar-me culpada, se em verdade só quis padecer de amor?
Peguei pela mão o reflexo, prenúncio de romãs entre os escombros
E o superlativo fôlego revelou-se em negativos celofanes,
Difusos os contornos dos corpos na travessia insubmissa da consumação
E o sabor das bocas e dos astros e das esperanças diluídas num só gesto,
Essa eternidade que se resumia num ardente pavio a dispensar o amanhã.
Mas nem só dessa translúcida sede vivem os poetas e os loucos.
Não me resta sal nas lágrimas para a madrugada impoluta que se acendeu
E em cada grito sangra um lírio erguido à indelével renascença
Disseco o peito, inequívoco relento da torácica consciência
E sei-me florescente pérola de poética suficiência."

Inês Marto . 27/02/2023

Não há fôlego que nos salve

Citação Frase Papel Kraft Instagram Post.png

 

Hoje escrevo para ti,

como não fazia há

tanto

tempo

na impossibilidade de afogar em nova esperança

o que podia ser feito de nós

Digo-te que senti

Que sinto

Sinto tanto a tua falta,

Fundem-se as tuas lágrimas nas minhas e

não há fô-

lego

que nos salve

do que de ti me ficou impresso no corpo

Não há pontos

finais

as palavras não fazem

sentido algum

ou talvez sim

talvez o sentido seja

o sonho

que é como dizer, talvez o sentido sejas

tu

ou o que de ti eu resto

Alquimia de tinta

reencontro

nesses laivos de poema

onde te abraço

sem tempo

Vem, fica, hoje não quero acordar…

Contrasting wolves

My body is a room full of ghosts
Its walls made of frail bones, cracked stones
Broken light rays hazing through the holes, made-up windows
Violet and green hues collide, neon existances side-by-side
Contrasting wolves fight for expression
In a crystal chamber of ressurection
Ever-changing shadows, they fill my soul
Daunting growls of fear echoe through my skull
My heart's an ever expanding bomb ready to collapse
Counting my final days by a stop-motion time-lapse
As I sit still hallucinating by the sea
The wolves, they fuse themselves psychadelically
In the dark room of dispair, their sillouettes embrace
Ether floods the air, body seizes, there's no place
Nowhere, no clocks, seizure of shattered bones and rocks
The void of materiality bursts finally
Violet and green they set me free