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INÊS MARTO

INÊS MARTO

LIVROS À VENDA:

Não há fôlego que nos salve

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Hoje escrevo para ti,

como não fazia há

tanto

tempo

na impossibilidade de afogar em nova esperança

o que podia ser feito de nós

Digo-te que senti

Que sinto

Sinto tanto a tua falta,

Fundem-se as tuas lágrimas nas minhas e

não há fô-

lego

que nos salve

do que de ti me ficou impresso no corpo

Não há pontos

finais

as palavras não fazem

sentido algum

ou talvez sim

talvez o sentido seja

o sonho

que é como dizer, talvez o sentido sejas

tu

ou o que de ti eu resto

Alquimia de tinta

reencontro

nesses laivos de poema

onde te abraço

sem tempo

Vem, fica, hoje não quero acordar…

Sou

Sou… Tudo aquilo que sobeja à tentativa de expressão. Sou manifesto erguido em corpo, não me definam então! Pois nem eu sei das ruas por onde passo, que pedras trago comigo, onde desenho caminho, por onde ficam espalhados os nexos de tudo o que digo.Não. Não sou sóbria, nem tão pouco esse expectável romance feito poeta de café, não. Coerência descasco-a como peste adormecida, sou um pouco de Elis, um pouco de Frida. Não me prostituirei em textos de encaixe às massas ocas, da minha arte resta chama. E das minhas derrotas teço colchas, faço cama.Não me definam então! Sou o ponto vértice do que me impele o devir do dia. Um pouco Al Berto, um céu aberto inundado em maresia. Eu sou o nada, insolúvel transparência, deitada em lençóis de sangue, à mera sobrevivência. E o assumir dos passos mortos em queda certeira, e na rima que desfaço, dia-a-dia desenlaço os olhares de um mundo baço, que num trono vê cadeira, que nas asas vê prisão, que nas rodas vê caixão, luto de um coração vivo. Eu sou o sal na boca, a recusa de um cativo.Mais a barba que não tenho e o batom que não ponho, sou a bandeira do múltiplo pássaro livre do sonho, não me definam então! Nem me peçam mais que escreva a expectável biografia de discurso inspirador. Sou lado negro na pele, sou o relento da dor.Sobrevivi ao naufrágio de quem teme a solidão, eu sou o florir da força na cara da negação. E não temo mais o escuro, lambo desgostos, perduro, persisto, vagueio, perco o rumo, não existo. Renasço em abstraccionismos, dentro de mim tenho sismos, armários de imensidão. Não me cabe o ser ao mundo, eu não tenho dimensão! Não… Não me definam, então!

Coração xamânico

Tinha jurado que não voltava a escrever. Eram cinco da manhã, vesti o casaco comprido velho por cima do corpo, calcei as botas e saí, toldada pelas lágrimas. Calcorreei a avenida sem distinguir o chão, não via mundo à volta. Nem sabia se existia.Atravessei a cidade, ou assim me pareceu. Sentia-me transparente. Carros de outras vidas seguiam o seu rumo. Eu chorava. Abençoada solidão. Se estava frio não o sentia. Talvez a tua morte me tivesse tornado subitamente imune a essas infimidades de quem está vivo. Talvez tivesse morrido contigo também. Talvez afinal te tivesse agarrado com tanta força que consegui ir, como te dizia em tom de brincadeira, afirmando nos meus risos de criança que não me havias de deixar sozinha. Se calhar deixei cá o corpo só. Nessa noite pelo menos, sentia o triunfo de ter partido contigo.Sem saber como, cheguei ao cais. Deixei-me cair sobre o chão que não tinha. Fechei os braços sobre o corpo e deixei-me ser. Olhei para cima, como desde então olho sempre para te encontrar. E quando te vi acreditei. Talvez tivesses levado um pedaço de mim contigo, sim. Mas deixaste a raiz. Não me havias de deixar sozinha, tinha razão, habitaste-me então como nunca.Tinha jurado que não voltava a escrever. Mas trespassaste nas minhas mãos a sabedoria da terra. E a irrecusável missão de semear o que deixaste em mim do teu coração xamânico, que empresto às palavras a cada dia mais. Quando te vejo e te sinto e me permito à tua viagem, acredito. A cura do mundo pelo amor vale a travessia de ficar.

Espelho visceral (Inês Marto e Paula Sá)

“Um coração pronto a pulsar na nossa mão”. Fomos O’Neill feito sal nas veias. Sulcámos as nossas pegadas na densidade do frágil. Consumámos a impotência, a verdade escura, contida e amarrotada. A que não pulula, a que não se diverte nem se convence. Traçámos os contornos à floresta dos medos. A boca sobre os dedos. Os olhos sobre as asas. O espírito consumado ao peito.Almejámos o longe. E na consonância das respirações encontrámos um salão de baile onde se dança por instinto; de um quase-toque sem tocar, de um quase-verso sem falar, de um todo-abrigo à mera existência.Nos passos firmes pousámos incertezas. E sobre os copos das ânsias enfeitámos um abraço. Sussurrámos as lâminas ácidas nos silêncios que pesavam à bagagem. Depois abandonámos as malas. Despimos a pele, hora após hora, trago após trago. Engendrámos novos passos, de sombra em sombra.Desenhámos de cor a expressão, como quem se sabe de outra vida. E fomos ferro e fogo e céu. E fomos útero e queda e túmulo. Do intangível tecemos redes onde despojar o corpo. E de sempre em sempre quebrámos horizontes a pulso. Os braços sobre o tronco. O flutuar sobre as tábuas.Um labirinto venoso disposto ao toque. Um abrir dos braços feito mundo. Um luar de raízes enleadas feito dança. O permanecer solar de uma essência feita chamas, que se adensa no entrelaçar de duas mãos abertas, fluidas, crescentes, que se libertam no espelho visceral.

No olhar de um Pincel - Parte 2

 

E pensar que tão rapidamente te transformavas... passavas assim, desse leve bailarino de cores a um vazio, cinzento, cru, frio... a um farrapo sem alma... de olhar perdido pelo nada distante... deixavas-te mergulhar nessa atmosfera dormente e assim ficavas durante tempos que parecem ainda hoje ser eternos...

E eu ali ficava, abandonado, contando as gotas de chuva que escorriam pela janela embaciada da tua mente... Tentava com todas as forças rebolar, contraindo-me desde o cabo à ponta dos pelos enrigecidos pela tinta seca que deixaste em mim... consegui em fim um leve movimento, e a pouco e pouco saio do sítio como que por magia... rolo por cima da paleta atravessando todas as poças de cores para te salvar desse mar sem fundo onde insistes em te afogar... Ah! Se pudesse por momentos falar...

Caio pesadamente no chão, fazendo ecoar pela sala uma pancada surda... mas nem um movimento, continuas nesse transe vegetativo... perdido no tempo e no espaço, perdido no corpo, na alma e no ser... voas por não-sei-ondes infinitos sozinho...

Rebolo, rebolo, rebolo... o chão gélido parece querer espetar agulhas dentro de mim... continuo nesta sinuosa caminhada, tentando trazer-te de volta... com toda a força, dirigo-me a ti, dando uma forte e seca na tua perna cada vez mais frágil... a tua mão de artista abre-se novamente... pouco a pouco voltas à realidade, e mais uma vez me pegas como se de uma pluma se tratasse...

No olhar de um Pincel - Parte 1

 
 
Tuas mãos de artista me pegavam como se de uma pluma se tratasse.
Eu dançava magistralmente sobre a tela, ao sabor dos teus sentidos. Mostrava aos outros o mundo que descobrias com esse olhar fascinado.
Era eu o leme da nau desses teus descobrimentos, em dias e noites de travessia em que criavas sonetos de cores ente goles de vinho tinto,
siderado, vidrado e alucinado, descompassado dentro do próprio compasso dessa mente sinuosa que apenas tu entendes, fazendo renascer vidas e almas e sopros alados de loucura.
Tocavas ao de leve na barba escura, como que invocando a musa para que, num ritual tão íntimo e tão apenas teu, te satisfizesse essa sede sem fim de inspiração a pairar na obscena atmosfera que te envolve...
Gotas de suor te escorriam pela face, contorcida, à medida que te entregavas por completo à criação.
Acreditavas, voavas, vivias através da arte, e eu, teu eterno companheiro, era, tal como a garrafa portadora do mapa do tesouro à deriva, testemunha desse momento que vezes e vezes sem conta nesse teu estranho compasso te elevava a alma a um mais alto nível e te fazia correr, em fim livre, o sangue pelas veias.
Tinhas corpo e coração, tinhas sonhos, fulgor e paixão enquanto pintavas.
Estilhaçavas aos poucos os horizontes da vida e eras feliz...
 
Leia aqui a Parte 2

8º CNEC - Sete Retalhos

 Liste sete coisas inesquecíveis que viveu até hoje. Depois escreva, durante sete minutos para cada uma, sobre cada uma delas.

Vida… tentamos incessantemente beber cada momento, para que dure sempre na memória, em vão… alguns ficam, outros vão… momentos são retalhos de alma que pairam no ar… inesquecíveis e que ainda assim se dissipam devagar… talvez não me lembre de todos, mas estão dentro de mim, estes, os sete momentos, frágeis pétalas de cetim:

 

1)      Nascer

2)      Olhar a vida

3)      Fazer do mundo uma bola de papel

4)      Vê-la a desfazer-se

5)      Tornar-me no meu próprio espectro

6)      Vacilar na corda bamba

7)      Aprender a voltar num só passo do 7 ao 1

 

Curiosidade que por instinto nos invade naquele atribulado momento, vozes

distorcidas que balbuciam sons que não conseguimos compreender, barulhos estridentes e algo tão fora do comum que nos parece uma luz para a qual nos sentimos arrastados, sem resistir. Ainda atordoados, fora do nosso elemento, sentimos os pequenos pulmões encher-se de algo suave, e um som surpreendente sai daquilo que julgamos ser nós mesmos… por fim aqueles olhos onde nos perdemos, dando-nos a certeza de tudo e de nada, ensinando-nos desde o primeiro instante a SER…

 

Esse olhar de criança, faminto, insaciado, na busca do sentir, do viver, do experimentar… sem medo de cair, sem receio de falhar… sentir a vida fugir, correr atrás dela a brincar… julgando que tudo se resume a um bonito jogo de dominó… brincar de viver … dançando ao som da vida em pleno com o mundo…

 

Pequena mão de criança, delicada, ainda frágil, mas sem medo de tocar… faz do mundo uma bola de papel: desenha o sol, a chuva, o mar… amarrota, rasga , junta em bocadinhos numa pequena bola rugosa e com ela vai brincar… corre, chuta, morde, age e reage e volta a fazer… aperta,  atira, rola… e mais uma vez, criança brinca de viver…

 

                Eis que chega a adolescência com a bola na palma da mão, num instante desfeita em pedaços e caída pelo chão…

 

                E a fase da revolta não tardaria a chegar… sem medos gritar ao mundo, tornando-nos espectro do nosso interior, sem máscaras nem teatro, ao vivo e com toda a cor.

 

                Um pé à frente do outro por um caminho incerto, aprender a dançar perigosas danças… e ainda assim continuar por essas andanças… se quisermos chegar a um caminho diferente, a única solução é seguir em frente…

 

                Saber aproveitar cada momento da vida, voltando do 7 ao 1 num voo de despedida…

8º CNEC - Fantasma do passado

 Recordar o professor mais assustador que já teve. Depois imaginar como seria um reencontro com ele.

                Cabelos brancos, severamente penteados, um olhar baço e duro, altamente autoritário, de mãos rígidas sobre a secretária, postura imponente e auto-estima não menos marcada. Ostentava na mão, firme, um anel com uma estranha pedra arroxeada, com um símbolo gravado que não passava despercebido, claramente ostentava, orgulhoso, um símbolo de alto teor da hierarquia cristã, e fazia questão que fosse notado isso mesmo.

                Homem de poucas palavras, façanhudo, mantinha bem claro e bem presente o precipício que, a seu ver, separava um deplorável aluno de seminário de um tão eloquente professor. Que ninguém ousasse olhá-lo nos olhos, ou com um simples gesto, fazia-nos cair pelo penhasco até aos confins da Terra. Não o demonstrava, nem nunca precisou de o dizer, tudo era notório no seu tumultuoso olhar de cascavel.

                Usava um hábito preto, de carapuço às costas, corda atada à cintura raspando-lhe a pele gasta e enrijecida pelos anos. Na perna, discreta, uma faixa de couro com arame farpado cravando-se-lhe na carne a cada movimento, levando-o ao que acreditava piamente ser a salvação das almas e a libertação dos pecados por meio de um benefício de Deus ao qual é chamado dor. Qual personagem de Dan Brown.

                Claramente pertencia àquela polémica organização cujo nome não ousávamos referir enquanto respirássemos o mesmo ar que ele. Isto, claro, se não fossemos ainda demasiado ingénuos para nos apercebermos de uma tão obscura realidade a pairar mesmo debaixo dos nossos narizes… só agora passados tantos anos é que começo a juntar dois mais dois. Pergunto-me se mais algum antigo aluno dele já chegou a essa conclusão.

                Ele irradiava uma aura inquietante, arrepiava-nos a espinha quando passava junto de nós. É engraçado como pouco ou nada mudou, apesar de se ter dado uma tão grande ascensão para seu lado na hierarquia. Poucos deverão associar tão grande figura a um (embora nunca simples) professor de seminário de há anos e anos atrás… embora mantenha aquele olhar unicamente misterioso.

                Claro que não se lembrava de mim, e provavelmente nem notou a minha presença no meio de tamanha multidão de devotos, mas não podia evitar, tinha de sentir novamente aquela onda de receio e nervosismo de contemplar o alto do precipício, agora com a consciência do que me acontecia. As suas palavras ecoaram por todo o recinto, a população escutava-o num silêncio aterrador, o homem de carne e osso mais próximo de Deus…

8º CNEC - Decisão

 Escreve sobre uma das mais fáceis decisões que tiveste de tomar na tua vida.

Tinha sido a decisão mais fácil para alguém tão cru como eu… ver-te contorcido de dor, lágrimas escorrendo pelos socalcos da tua cara contorcida pelo desgosto… num pranto, numa aflição sombria que te desligava dos sentidos… fazia-me vibrar por dentro, o sentimento de poder, de ter o destino de uma vida e de todas mais que eu quisesse criar, tão miseráveis como me apetecesse, na palma da minha mão, e poder esmagá-los entre os meus pesados dedos determinantes… Com apenas letras, fazer-te implorar por misericórdia, alimenta-me esta voz obscura que sinto cá dentro…

Lágrimas me escorriam pela face, sombra, cinzas, névoa e um imenso vazio. O mundo inconsciente, embriagado pela dor de te perder… não podia fazer mais nada, não estava nas minhas mãos. À medida que as frias palavras escorriam pelo papel, determinando o meu destino, arrastava-me tremulamente pelo corredor… temendo que acontecesse o que inevitavelmente teria de acontecer… as palavras assim o exigiam.

Passava a língua pelos lábios, esperando ansiosamente pelo clímax da acção… letra por letra tecia o teu cruel destino, cravando-te as palavras como espinhos nesse pobre coração acabado de criar. A decisão era minha, tu apenas terias de lidar com o peso na consciência, coisa que me deixava uma satisfação a pairar na alma… e continuava tecendo o teu destino entre goles de vinho tinto…

Entre detalhes da narrativa que me iam ocorrendo enquanto durava a inspiração, entregaram-te o documento. Sim, quer quisesses quer não, tinhas de ser tu a decidir se desligavam a máquina à pobre da tua mulher, ou não… mas quem decide sou eu, e como eu gosto de te ver sofrer… a decisão é tão fácil como contar até três:

1)      Abro o envelope, desesperado… as letras difusas, gritando-me por compaixão, mas eu sou apenas um fantoche naquelas mãos esmagadoras do escritor… minha pobre mulher, já sem alma, a esperança seria a última a morrer, se não a matasse primeiro o poder das palavras.

2)      Seguro a caneta, as mãos tremendo, tentando em vão resistir, como se fossem arrastadas por um fortíssimo íman, uma névoa de pensamentos me assombra…

3)      Finalmente dou-me por vencido e assino, seguindo a linha deste cruel destino de personagem, o termo de responsabilidade e mando desligar a máquina… fazendo na assinatura um borrão com as lágrimas que insistem em cair.

Satisfatoriamente humedeço mais uma vez os lábios, grande final, black out e fecha a cortina… Aplausos.

8º CNEC - Doce manjar

 O que é que cozinharia para um inimigo?

Verme… meu querido e estimado verme… com que então crítica de comida, e ainda por cima no MEU restaurante? O prazer é todo meu de lhe servir uma bela e requintada refeição, isto é, se não se engasgar…

Ora, para entrada, caviar do mais alto requinte, com uma flauta de branco da carta de sugestões do chefe - tudo regado com os cabelos que me fizeste arrancar com raiva de mim mesma por me rebaixares daquela maneira…

O prato principal será um guisado da nossa mais tenra carne de veado… suculenta e saborosa, cuidadosamente preparada, formando fatias perfeitas ao mais pequeno detalhe, com um doce cheiro a ervas aromáticas – generosamente polvilhado com as unhas ensanguentadas que arranhavam meus próprios braços em tentativas de me esquecer de quem era mergulhando na dor, e tudo por tua culpa… Queria partir do mundo, sem deixar rasto, num longo ritual em que cruelmente me desfazia deste corpo que tanto teimavas em ridicularizar até à exaustão, chegar à ilha sem passado, esvaindo-me em gotas de rubi, com sinuosas linhas cravadas na pele, na carne, até às entranhas…

Para sobremesa, terei todo o prazer em servir-lhe o nosso célebre semifrio de rum e passas… bolo esponjoso, humedecido com essa calorosa bebida, acompanhado do mais doce e cremoso gelado, cuidadosamente decorado com fios cor de sangue que se entrelaçam dançando em arabescos artísticos… Todo ele cravejado de lâminas ferrugentas, aquelas que cravava nos pulsos e nas costelas, fazendo-me constantemente lembrar pela dor que por crueldade dos deuses e do destino, ainda continuava viva… escorrendo rios deste meu desprezível ser, miserável criatura sem pinga de razão para continuar a olhar o mundo por estes olhos – fazias-me crer…

Pois agora, minha querida, hás-de provar cada lágrima do meu desgosto, cada grão da minha revolta, e cada gota de sangue do precipício onde me fizeste cair! Maravilhosos sabores, escreverás nessa imunda crítica… mal te apercebes que lentamente se te crava na garganta uma cortante lasca de revolta, enquanto degustas o último doce, agora mais amargo que nunca…

Desejos de uma óptima refeição…