Qualquer semelhança com a coincidência é pura realidade
Deixa-me então amar-te até à exaustão, e se ganhar rugas e cabelos brancos, que sejam fruto do teu mau feitio, que te torna ainda mais amável, de forma tão ácida e especial. E que enlouqueça, mas que seja devido às tuas pequenas manias...
Já te disse que és linda? És. Quanto mais despenteada e desprevenida, melhor.
Deixa-me então consumar isto tudo que me corre nas veias, com beijos e mais beijos sem fim. E o encanto que tens quando te perdes a olhar para coisa nenhuma... deixa-me sentir-te o cheiro e a alma... e fugir de ti a seguir, espicaçar-te. Gosto de te ver espicaçada, quando me abres os olhos, enormes, lindos, capazes de derreter... aí, ainda me apetece mais encher-te de beijos.
Deixa-me confessar-te isto tudo outra vez...
Amar-te, além de doer como tudo, pesa cá dentro, é muito...
Gosto do teu perfume... deixa-me levá-lo para casa comigo mais vezes, na roupa bem junto ao pescoço, e no cabelo.
Quero-te, sabes? Tanto que deve roçar o crime, e quase me apetece dar estalos em mim, outra vez, pela parvoíce que é amar-te tanto, e nem conseguir guardá-lo só para mim.
Enfeitiças... má. Não se faz, caramba. Quer-se fugir e não se pode. Quem te manda ter tanto charme e magnetismo? Chiça! Não sou de pedra. Às vezes irritas-me, por seres tão irresistível assim... mas esta raiva sabe bem. Pica nas veias, mas é um picar miudinho, dá vontade de rir, depois...
Tenho saudades... Amo-te... já te disse que te amo? Amo-te!
Passava-te as mãos pelo cabelo, e deixava-te agora vir comigo num barco translúcido de sonhos...
Fazes de mim cata-vento... caraças. Tenho saudades tuas, demais, que parvoíce, outra vez.
Deixa-me então ser cata-vento e supra-sumo da parvoíce, que tenha raiva e que me faças comichão, e que me endoideças e me iludas e me faças girar na ponta dos teus dedos lindos, mas nunca me deixes, e deixa-me então amar-te sempre...