Os quatro cantos de um Poema...
Sou o poeta, o fingidor
Sou o marinheiro e o pintor,
Sou o velho por quem passas de braços cruzados,
Sou o menino da rua com sonhos despedaçados.
Sou o ardina dos tempos a preto e branco
Sou aquele a ler o jornal sentado no mesmo banco,
Sou a mulher de verniz nas unhas, a dizer mal do marido
E a varina de mão na cintura ao som do fado corrido.
Sou o tudo, sou o nada,
Sou a noite estrelada,
Sou o Deus, sou o olhar,
Sou o vento, sou o mar,
Sou os gritos que não ouves,
Sou as cartas que não lês,
Sou os sopros no escuro,
A brisa suave das marés
E sou tudo em minutos de loucura
As lágrimas, os sorrisos, os murmúrios, a amargura…
Sou as letras que ficam abandonadas no ar…
Sou o poeta dançando a voar.
Sou quem desenha estas palavras sem sentido
E quem rima sem querer
E às paredes confessa
Que faz-de-conta a escrever.