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INÊS MARTO

INÊS MARTO

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Neutralidade legitima opressão

"A mim o que me apaixona é a inteligência: intelectual, emocional, intuitiva, humana, mística, existencial.

Só que a inteligência é inerentemente reivindicativa e posicionada. A inteligência não é capaz de se adormecer nem de se cegar a si mesma, para compactuar com os lugares de conforto.

Essa mesmice que vai no mundo é um sufoco.

A quantidade de pessoas que encolhem os ombros perante as injustiças diárias que presenciam é aterradora. Alegam neutralidade, esquecendo-se, ou não se querendo lembrar, que essa passividade, não contrapondo o opressor, é complacente com ele e legitima-o.

Não, não é possível estar do lado das vítimas enquanto se bebe chá com quem as põe nesse lugar.

É essa cobardia que, sendo assustadoramente substancial, passa impávida e serena pela falta de humanidade que existe neste mundo e lhe permite continuar a existir.

O sistema começa no indivíduo. O colectivo é simultâneamente reflexo e reflector do individual. Cada vez que fecham os olhos às opressões do dia-a-dia, vocês são cúmplices.

Leiam outra vez: Vocês. São. Cúmplices.

A neutralidade face à opressão é um pano roto que a cobardia inventou para se tapar. E não são os likes nem as partilhas dos posts que vos absolvem a consciência, esse é outro pano roto.

Antes que deixem de me ler aqueles que se assustam ou se entediam com a política, este texto não é sobre política, é sobre humanismo. Se política e humanismo não são a mesma coisa, talvez o problema comece por aí.

O sistema vigente, superlativo e intocável, é uma tortura diária. A vigência supremacista do enraizado normativo, patriarcal, misógino, cishetero, capacitista, racista, conservador e classicista - não é opinião nem é política, é matança - também é culpa da vossa tão querida e confortável neutralidade.

Só não sei se é falta de inteligência, ou recusa consciente da mesma.

Seja como for, deixei de ter tempo e espaço na vida para outra coisa que não o amor."

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