Na ausência de mim
Na ausência de mimAfloro ecos de vazio,
Corro como um rio,
Desenho as minhas desventuras,
Percorro os meus cansaços.
No embalo dos fantasmas
Sou erupção latente,
Sou mais água do que gente.
E no caudal que deixo
Que me recordem os olhos de mistério,
Pois se a morte nada pode
Hei-de ter no fim etéreo a minha libertação
De ter nascido para a vida derradeiro teorema de intangível solução.
No escuro sou essa sede
De encontrar o meu lugar,
Mas se a vida não me abraça
Resta-me sulcar caminhos apenas no navegar
E despontar num sorriso, mesmo em raiz de amargura
Pois neste rio indeciso
Sustém-me a minha loucura.