Isto Sem Nome
O que é isto, sem nome? Quando é dos teus olhos a sede, e dos teus lábios a fome... Quando te beijo com tamanha chama, que me foge a alma, e trespassa a pele para ser tua por fim...
Quando pára o espaço, e foge o chão em tempo baço, quando nada mais existe, se não o nosso abraço... quando nada mais se sente se não arrepios e calor no coração, o palpitar no teu peito e a tua respiração...
Quando se quer ser dono do mundo, para te poder dar tudo... E quando não importa que a tua âncora seja outra, que esteja noutro lugar a razão dos teus suspiros, que o abrir das tuas asas anuncie outros voos? Que é isto, se nada interessa, que não a verdade do teu sorriso?
Se nos domina a vontade de te embalar a alma numa dança a dois, sem fim... E poder suspirar-te poemas de improviso, irrepetíveis... afagar-te o sono e concretizar-te o sonho...
Que é isto, se fugimos e amordaçamos a saudade, que quase mata, para não te sufocar? E se nada mais queremos, se não poder ficar, se não poder agarrar, se não poder soltar as amarras e navegar sem rumo nem prazos... e andamos a conta-gotas, fingindo esquecer a dor...
E então, que é isto sem nome, que mata e que faz viver, que faz voar e doer... que é isto, se não Amor?