Fora eu raiz
Fora eu raiz
Para o que tenho de pássaros.
Fora eu carne e cicatriz
Para o que de mim são versos.
Terra que me albergue os lírios submersos.
Animal, instinto.
Solo, chão, primal, consciência.
Não-controlo, não-teorema, não-coerência.
Fora eu o contra-senso e a ousadia da ausência.
Buscar a minha fundura, revelação de horizonte.
Salto a fogueira e o abismo. Inspiro fundo.
Mergulho. Desfio-me o próprio mundo.
Sobrevivente coroada no tribunal do além.
Desenquadrada, ilimitada, amanhã serei liberta de tudo o que me contém.
Lamberei das minhas feridas
O sal que alada me ergueu
Eternamente aprendiz desse xadrez que sou eu.