Coração de madrepérola
Do armário das tristezas trespassei a colecção
Já não guardo dissecadas lágrimas em exposição,
Do pretérito imperfeito do teu nome conjugado
Só aprendi a leveza de te escrever no passado
E lamento se não soube ser o que quiseste usar
Diamante não é barro para aos teus planos se moldar,
Foi inútil a viagem, já não sou um benefício,
Entre a parede e a espada sou livre no precipício.
Se eu tenho alma salgada por sereia ter nascido
Reverbero a mensagem como um búzio ao ouvido:
Nesta vida em maré cheia amor é força motriz
De onde nasce a flor mais bela no seio da cicatriz.
Se era suposto ter medo do que chamas solidão,
Foi na queda que arrisquei que se deu libertação
E na paz do epicentro da minha alma em tempestade
Sou ciclone que ascende quando amanhece a verdade.
Só queria agradecer-te pelo quanto te chorei
Fez-se um sábio oceano onde me reinventei,
Coração de madrepérola hoje pulsa em poesia
Conquistada transparência desta eterna travessia.