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INÊS MARTO

INÊS MARTO

Cartas à vida #3

Querida vida...

Tenho aprendido a andar de mim para mim... Já não me aflige o som dos meus próprios passos, e se de mim se apoderam ironias e cansaços, recuso-me a cruzar os braços, e vou navegando assim.

Sabe-me bem, ultimamente, andar descompassadamente, na minha própria companhia... Se a solidão me assombrava, e o vazio dos outros era a minha asfixia, o silêncio tornou-se camarim para a minha própria poesia.

Querida vida, sabes, até melhor que eu, o quanto oscilo ao vento dos dias que passam por mim sem cessar, e que se hoje a alma voa, amanhã torna a chorar...

Querida vida, nada mais sou que um novelo de confusão... resisto, insisto e não desisto... E hoje caminho por ruas de calçada gasta, sozinha, mas sem solidão... Amanhã não sei, os ventos dirão...

E assim segue por estes carris incertos, sem que eu entenda a razão, "este comboio de corda que se chama coração".

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