Árvore da Vida
Rasga-me
A roupa, o cabelo, as unhas, o corpo...
Desnuda-me, despe-me desta pele atribulada,
Liberta-me da pressa do dia...
Corta o tempo, dissipa o espaço
Quebra a rotina em estilhaços
Preserva apenas os efémeros pedaços
Das memórias, e das histórias felizes
E deixa para trás o tacto...
Desprende as amarras, amordaça o fútil
Ama a poeira dos dias...
Guarda apenas os sorrisos, as rugas, a expressão
Lembra sempre o doce som, o bater desse coração...
Ensina-me... deixa-me beber de ti
Ensina-me a ser assim: árvore da vida como tu
A amar a terra... a crescer sempre
A rebentar após cada Inverno árduo
Com os mesmos ramos frescos e sorriso natural.
Ensina-me a nunca perder a essência
E a erguer-me todos os dias de novo
Arranca-me tudo o que é sintético
Despedaça a mentira e a a tristeza...
Desfaz o pensar numa brisa...
Ensina-me a sentir apenas o compasso natural
A aceitar, a respeitar, a entender...
Abre-me a jaula da dúvida
Desata-me os nós da incerteza
Deixa-me apenas ser... árvore da vida, como tu
Essa perfeita metáfora de tudo mais que é eterno...
Esta dimensão que escrevo em arabesco complexo...
Essa ALMA pura de reflexo convexo...