Ânsia
Por querer viver não vivoNesta saudade que trago
Como anoitecer cativo
Na demora onde naufrago
Por querer sentir não sinto
Coisa nenhuma nem nada
Fogo lento de absinto
No romper da madrugada
Quero amanhecer e tardo
De tanta vontade ter
Pois na força com que ardo
Torno-me cinza ao viver
E que me caiam as flores
À sombra de um candeeiro
Onde à noite choro as dores
De querer um momento inteiro
Quero ser asas, afundo
Quero pulsar e esmoreço
Na ânsia de florir mundo
Nasço, morro e enlouqueço