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INÊS MARTO

INÊS MARTO

A minha alma

A minha alma é cinzenta,
É ausente de medida,
É uma boca sedenta
De provar as cores da vida.

A minha alma é cinzenta,
Não tem porta nem destino,
Vagueia em ruas sem nome,
Ela é um gato ladino.

A minha alma é cinzenta,
Não tem rumo nem tem nada,
Não é de tempo nenhum,
Ela é desvitalizada.

A minha alma é cinzenta,
E não se encaixa no mundo,
A minha alma é perdida,
É um sonho vagabundo.

A minha alma é cinzenta,
Não é de hoje ou amanhã,
Tampouco o ontem lhe cabe,
Ela é terra incerta, vã.

A minha alma é cinzenta,
É uma amorfa energia,
Não cabe em caixas fechadas,
Tem asas e é vadia.

A minha alma é cinzenta,
Voa sem olhar para trás
E já não pede licença,
É da cor que a vida a faz.