8º CNEC - Sete Retalhos

Vida… tentamos incessantemente beber cada momento, para que dure sempre na memória, em vão… alguns ficam, outros vão… momentos são retalhos de alma que pairam no ar… inesquecíveis e que ainda assim se dissipam devagar… talvez não me lembre de todos, mas estão dentro de mim, estes, os sete momentos, frágeis pétalas de cetim:
1) Nascer
2) Olhar a vida
3) Fazer do mundo uma bola de papel
4) Vê-la a desfazer-se
5) Tornar-me no meu próprio espectro
6) Vacilar na corda bamba
7) Aprender a voltar num só passo do 7 ao 1
Curiosidade que por instinto nos invade naquele atribulado momento, vozes
distorcidas que balbuciam sons que não conseguimos compreender, barulhos estridentes e algo tão fora do comum que nos parece uma luz para a qual nos sentimos arrastados, sem resistir. Ainda atordoados, fora do nosso elemento, sentimos os pequenos pulmões encher-se de algo suave, e um som surpreendente sai daquilo que julgamos ser nós mesmos… por fim aqueles olhos onde nos perdemos, dando-nos a certeza de tudo e de nada, ensinando-nos desde o primeiro instante a SER…
Esse olhar de criança, faminto, insaciado, na busca do sentir, do viver, do experimentar… sem medo de cair, sem receio de falhar… sentir a vida fugir, correr atrás dela a brincar… julgando que tudo se resume a um bonito jogo de dominó… brincar de viver … dançando ao som da vida em pleno com o mundo…
Pequena mão de criança, delicada, ainda frágil, mas sem medo de tocar… faz do mundo uma bola de papel: desenha o sol, a chuva, o mar… amarrota, rasga , junta em bocadinhos numa pequena bola rugosa e com ela vai brincar… corre, chuta, morde, age e reage e volta a fazer… aperta, atira, rola… e mais uma vez, criança brinca de viver…
Eis que chega a adolescência com a bola na palma da mão, num instante desfeita em pedaços e caída pelo chão…
E a fase da revolta não tardaria a chegar… sem medos gritar ao mundo, tornando-nos espectro do nosso interior, sem máscaras nem teatro, ao vivo e com toda a cor.
Um pé à frente do outro por um caminho incerto, aprender a dançar perigosas danças… e ainda assim continuar por essas andanças… se quisermos chegar a um caminho diferente, a única solução é seguir em frente…
Saber aproveitar cada momento da vida, voltando do 7 ao 1 num voo de despedida…